Contracepção: o uso de dispositivos intrauterinos (DIUs)

Conforme a Portaria Nº 3.265, de 1º de dezembro de 2017, a distribuição do DIU de cobre (dispositivo intrauterino) foi ampliada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em seus serviços de planejamento familiar

Esse método de contracepção está entre os mais seguros e eficazes para o controle de natalidade. Os DIUs podem ser não medicados e medicados, ou de cobre e hormonais. A seguir, veja tudo o que você precisa saber sobre o dispositivo intrauterino antes de utilizá-lo!

Dispositivo intrauterino: um método de contracepção altamente efetivo

O DIU é um método de contracepção reversível que é usado em todo o mundo. O dispositivo consiste em um objeto sólido com formato variável conforme o modelo. Para realizar sua função contraceptiva, é inserido por meio do colo uterino na cavidade uterina. Os dispositivos disponíveis são classificados por medicados e não medicados. Veja mais informações sobre eles.

DIU de cobre

O DIU de cobre tem alta eficácia. A cada 100 mulheres, registra-se 0,1 a 2 gravidezes por ano. Em relação às falhas, as taxas associadas ao DIU são comparáveis às da esterilização cirúrgica.

Diante da constante dissolução do cobre (menor que a quantidade ingerida em uma dieta comum), o DIU de cobre exige substituição periódica. Seu uso é aprovado por 10 anos, assim, caso a mulher deseje continuar com o método, o método de contracepção pode ser removido e inserido outro durante a mesma consulta.

A ação do DIU de cobre ocorre pela indução de uma resposta inflamatória local do endométrio, camada interna que reveste o útero. Dessa forma, o dispositivo cria um ambiente hostil ao esperma e impede que aconteça a fertilização do óvulo

O cobre aumenta a extensão da reação inflamatória e atinge toda a cavidade uterina, penetrando no colo e, provavelmente, nas tubas uterinas. Assim, compromete a função e viabilidade dos gametas, além de impedir a fertilização e diminuir as chances de desenvolvimento de qualquer zigoto que possa ser formado. 

Além disso, o cobre impede o transporte de esperma e a viabilidade no muco cervical. Isso diminui a chance de ascensão dos espermatozoides até as tubas e a fertilização do óvulo. O cobre ainda tem efeito na motilidade espermática ao reduzir a capacidade de penetração no muco cervical.

DIU hormonal

O DIU hormonal é um dispositivo que apresenta o formato de um T. Esse método de contracepção conta com um reservatório de 52 mg do hormônio levonorgestrel, que mantém sua eficácia contraceptiva por, no mínimo, 5 anos. Esse dispositivo é chamado de sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG).

A ação do DIU hormonal consiste no efeito primário da progestina, tornando o muco cervical espesso. Isso impede a penetração dos espermatozoides e a ascensão ao trato genital superior. 

Além disso, o dispositivo diminui a motilidade tubária e produz um endométrio fino e inativo. Os baixos níveis de esteroides circulantes também podem inibir a ovulação em alguns casos. Esse é um evento não muito comum, apesar de manter a produção estrogênica, possibilita boa lubrificação vaginal

A maioria das mulheres continua a ovular, mesmo estando em amenorreia (ausência de menstruação). Apesar da inatividade endometrial, a fertilidade retorna rapidamente após a remoção do DIU hormonal.

Quando o DIU é indicado

Por ser um método de alta eficácia e imediatamente reversível após sua remoção, o DIU pode ser indicado de forma segura para mulheres que nunca tiveram filhos e também adolescentes que não são capazes de usar outro tipo de concepção ou não possam utilizá-los. Além disso, o DIU é indicado para:

  • mulheres que tiveram filhos e desejam contracepção muito eficaz;
  • mulheres que precisam de um método seguro, com contracepção hormonal contraindicada;
  • mulheres que esquecem de tomar a pílula anticoncepcional com frequência;
  • tabagistas acima dos 35 anos;
  • mulheres que desejam contracepção eficaz, por tempo prolongado;
  • mulheres em período de amamentação, imediatamente após parto ou aborto.

Inserção e efeitos adversos do uso do DIU

O DIU pode ser inserido com segurança em qualquer dia do ciclo, desde que a mulher não esteja grávida, imediatamente após um quadro de abortamento e imediatamente no pós-parto vaginal ou por cesariana. Geralmente, a inserção do dispositivo fácil é alcançada na primeira tentativa. 

Efeitos adversos

Naturalmente, o DIU apresenta alguns efeitos adversos. Por esse motivo, o médico é responsável por aconselhar a mulher sobre os efeitos associados ao método de contracepção escolhido.

Além disso, é importante lembrar que o DIU não é um método de proteção contra ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) nem contra o HIV. Dessa forma, deve ser associado ao uso de preservativo.

Sangramento uterino

Boa parte das mulheres que descontinuam o uso do DIU de cobre fazem em virtude do aumento fluxo menstrual. O aumento do sangramento ocorre pela reação causada pelo corpo estranho na cavidade endometrial, liberando prostaglandinas. Contudo, a maioria das mulheres que usam DIU de cobre apresentam um fluxo levemente aumentado a não alterado.

Perfuração uterina

A perfuração uterina é um evento raro, que ocorre em 1:1.000 inserções. A situação pode acontecer no momento da inserção, na porção fúndica do útero. Contudo, o DIU corretamente inserido não é capaz de migrar pela musculatura uterina e atingir a cavidade peritoneal (que reveste os órgãos). 

Infecção

Ao solicitar o DIU, a mulher é aconselhada sobre o pequeno aumento no risco de doença inflamatória pélvica (DIP) nos primeiros 20 dias após a inserção. Entretanto, após as 3 semanas iniciais, o risco permanece baixo e constante durante pelo menos 8 anos. As taxas são de 0,5 caso por 1.000 mulheres ao ano. 

Gravidez 

Por fim, a gravidez também é um efeito adverso nas usuárias de DIU. No entanto, é incomum quando o dispositivo é bem localizado. Nesse caso, a possibilidade de uma gestação ectópica (fora da cavidade uterina), deve ser excluída por meio de ultrassom transvaginal. 

O DIU é um método de contracepção seguro e muito eficaz. Por esse motivo, é indicado para controle de natalidade devido suas baixas taxas de falhas. Contudo, para decidir se esse é o melhor método contraceptivo, é necessário avaliar as possibilidades junto a um ginecologista.

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