Fases do mecanismo do parto em apresentação de vértice (de cabeça para baixo)

O conhecimento a respeito do mecanismo do parto é uma forma importante de manter-se informada sobre as fases durante o nascimento do bebê. A interação entre profissional e paciente fortalece a relação médico-paciente, melhorando a segurança para ambas as partes.

As últimas horas da gravidez são caracterizadas por contrações uterinas que promovem a dilatação cervical. Desse modo, o feto se encaixa, desce e abandona o canal de parto em um movimento natural e totalmente autônomo. Continue a leitura a seguir para conhecer as fases do parto.

Qual é o mecanismo do parto em apresentação de vértice(de cabeça para baixo)?

O mecanismo do parto consiste em modificações na posição da apresentação fetal durante sua passagem pelo canal do parto. A apresentação de vértice (de cabeça para baixo) é a mais comum, e ocorre em 95% de todos os partos a termo. Seu curso é determinado por fatores relacionados à mãe e ao bebê, como dimensões e configurações da pelve materna e dimensões do feto.

Quais as fases do parto?

O mecanismo do parto é composto de fases que transcorrem e se interpõem de forma dinâmica. A seguir, você vai conhecer as etapas dessa divisão que consiste em encaixamento, flexão, descida, rotação interna, deflexão, rotação externa e desprendimento das espáduas.

Encaixamento

O encaixamento é a passagem do diâmetro da cabeça do feto por meio do estreito superior da pelve materna. Em mulheres que nunca tiveram filhos, a fase tem início nas últimas 2 semanas da gravidez. Em mulheres que já passaram por outras gestações, inicia-se na fase ativa do trabalho de parto.

Flexão

A flexão é o movimento passivo da cabeça fetal em direção ao tórax, “encostando o queixo no peito”, permitindo que o menor diâmetro da cabeça fetal se apresente em relação à pelve materna. Na maioria dos casos, a flexão é essencial para o encaixamento e também para a descida. Essa fase do mecanismo do parto varia conforme a relação entre as dimensões fetais e da bacia materna.

Quando a cabeça não se encaixa de maneira adequada ou quando os diâmetros da pelve são estreitos, o parto vaginal pode ser dificultado ou mesmo impossibilitado. O médico deve acompanhar a progressão de cada fase e o bem estar de mãe e bebê para avaliar se o trabalho de parto está progredindo adequadamente.

Descida

A descida é o tempo seguinte ao encaixamento e representa a passagem do feto por todo o canal de parto. Portanto, começa no início do trabalho de parto e só termina com a expulsão total do bebê.

A descida deve ser gradualmente progressiva e pode ser afetada por diferentes fatores, como as contrações uterinas, a configuração pélvica, a resistência do colo e das partes moles da pelve e as dimensões e posição da cabeça fetal. 

Quanto maior a resistência e pior o padrão das contrações, mais lenta será a descida. Essa fase é considerada o fator mais importante do trabalho de parto em relação à possibilidade do parto vaginal. 

Sua avaliação é realizada pelo médico com exame físico da paciente, como o toque vaginal. A percepção da descida da apresentação fetal é sinal de bom prognóstico para o parto natural. Algumas vezes algumas manobras e movimentos feitos com a mãe podem contribuir para a descida fetal.

Rotação interna

A rotação interna é quando o feto, que apresentava o maior diâmetro do pólo cefálico no sentido transversal, roda para apresentá-lo no sentido ântero-posterior, acompanhando as dimensões da pelve materna para possibilitar a descida do bebê. A cabeça sofre movimento de rotação que, leva o osso occipital ao sentido anteroposterior da saída do canal (na maioria das vezes e occipto fetal em direção à sínfise púbica materna). A amplitude da rotação depende da posição da cabeça fetal no momento do encaixamento.

Simultaneamente à rotação interna da cabeça fetal ocorre a penetração das espáduas (parte localizada na parte superior das costas) por meio do estreito superior da bacia óssea materna. A avaliação clínica dessa fase, por meio do toque, pode ser importante para verificar a evolução do trabalho de parto e essencial para intervenções obstétricas quando necessárias.

Deflexão

A deflexão ocorre quando a cabeça fetal chega ao nível do períneo. Após o término da rotação interna, a região da fontanela posterior se encontra sob a sínfise púbica (parte da frente da pélvis) no sentido anteroposterior. 

Devido a curvatura inferior do canal de parto, o desprendimento da cabeça acontece por movimento de deflexão, fazendo movimento de balança em direção ao arco púbico, estrutura usada como ponto de apoio.

Rotação externa

A rotação externa é feita após a saída da cabeça fetal, que gira assumindo a posição em que estava no período de encaixamento. Esse movimento simultâneo à rotação interna das espáduas. 

Desprendimento das espáduas

O desprendimento das espáduas pode acontecer de forma espontânea. No entanto, geralmente exige uma tração leve no sentido posterior para o desprendimento do ombro anterior, e, em seguida, do ombro posterior. 

 

Mecanismo do parto em apresentação cefálica de vértice: (A: descida; B: flexão; C: rotação interna; D: rotação completa e início da deflexão; E: deflexão; F: rotação externa e desprendimento das espáduas).

E as posições verticalizadas no nascimento?

Observam-se diferenças marcantes na posição materna considerada mais adequada para o período expulsivo. Na maioria das civilizações antigas, como em culturas primitivas, a posição materna preferencial era a vertical. 

Com a medicalização do parto, a posição deitada passou a ser mais utilizada, mas as restrições impostas pelos próprios procedimentos hospitalares, e a posição de decúbito não são fisiológicas e não contribuem para adequada evolução do trabalho de parto, sendo sabidamente desfavorável.

O uso da posição horizontal materna no período expulsivo foi adotado de maneira indiscriminada sem a devida avaliação de sua efetividade ou segurança. Foi a partir do fim do século XX que houve, em todo o mundo, um movimento para oferecer uma assistência à saúde baseada na segurança e efetividade dos procedimentos

Não oferecer às mulheres posições mais cômodas e confortáveis para o nascimento, como as posições verticalizadas, só justifica-se diante de indícios de que a conduta trará grandes vantagens para a saúde da mãe e do feto

Durante o parto, a mulher naturalmente procura posições mais confortáveis. É agradável trocar de posição, caminhar e exercitar-se. A livre movimentação da mulher durante o trabalho de parto contribui para o acontecimento de todas as fases explicadas acima. O parto é um evento dinâmico, e a movimentação da pelve  auxilia a passagem da cabeça do feto no canal do parto, facilitando sua descida, que também se beneficia pela força da gravidade.

No nascimento, a posição vertical pode ser escolhida pela mulher, se assim se sentir mais confortável, além disso, posições mais verticalizadas estão associadas a melhor oxigenação fetal porque evitam a compressão da veia cava.

Conhecer as fases do mecanismo do parto contribui para que a mulher tenha mais segurança e tranquilidade durante o nascimento do bebê. Além disso, permite que a mulher tire dúvidas com o médico em relação ao trabalho de parto.

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