XVI CMGO – 3º Dia
A programação do 16º Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia (CMGO) desta sexta-feira (17/5) contou com a conferência da médica obstetra Ana Bianchi, do Uruguai, sobre o impacto das novas tecnologias da ultrassonografia na ginecologia e obstetrícia. Outro destaque foi a entrega do prêmio “Guilherme Rezende”. O evento, promovido pela SOGIMIG em Belo Horizonte, termina neste sábado (18/5).
Ana Bianchi é diretora do Departamento de Medicina Fetal do Hospital Universitário CHPR Montevidéu, vice-presidente da Academia Mundial de Medicina Pré-Natal, integrante do Comitê de Figo de Parto Prematuro, coordenadora de Flasog do Comitê de Ultrassonografia e vice-presidente da Sociedade Latino-Americana de Ultrassonografia.
Ao longo da conferência, Bianchi compartilhou com o público a sua experiência no Uruguai com o projeto Ecostream, um sistema em que é possível fazer exames de investigação por imagens a distância e em tempo real, permitindo chegar a mais pacientes distribuídos geograficamente e treinar médicos da família e profissionais da saúde menos preparados na utilização dos equipamentos.
No caso da ultrassonografia, permite interagir com o operador do equipamento, orientando possíveis correções nas manobras, além de permitir que os especialistas possam capturar imagens necessárias para documentar o exame em seu próprio computador. Só em 2023, mais de 50 mil exames de ultrassom foram realizados a 500 quilômetros de distância e houve mais de 65 cursos interativos em tempo real.
Entre as vantagens, está melhorar a qualidade do pré-natal em outras regiões do país, apesar da distância, promover a educação médica, a discussão de casos e a atualização de conhecimentos, fortalecer o intercâmbio profissional, reduzir custos na saúde, evitar deslocamentos desnecessários a centros de referência e implementar tratamentos mais oportunos. O sistema maximiza benefícios para o Sistema Nacional de Saúde do Uruguai e otimiza o uso de recursos médicos existentes.
Bianchi reforçou ainda os benefícios da telemedicina, a presença cada vez mais crescente da inteligência artificial e sua contribuição para o diagnóstico pré-natal. Para ela, é importante olhar para o futuro da medicina.
“Há muitos sistemas de inteligência artificial na medicina que vem, no diagnóstico pré-natal, na imagem, no monitoramento, no controle de parto, hospitais inteligentes. Tudo isso não para tirar o trabalho dos médicos, mas para melhorar a eficiência, a rapidez, os resultados e, às vezes, facilitar, porque é certo que há muitos lugares remotos onde há uma qualidade de saúde muito diferente das grandes cidades. De repente, melhorando todo esse conceito, a inteligência artificial pode chegar à gestante em casa com o controle pré-natal, fazendo-nos melhorar a qualidade da gestação”.
Mais cedo, Bianchi também participou de uma mesa-redonda em que abordou a ultrassonografia na predição da prematuridade.
Desafios do dia a dia
O terceiro dia de programação do CMGO reuniu palestrantes de São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Montes Claros, Ipatinga, Uberlândia, Itajubá e Vitória, que falaram sobre vários desafios do dia a dia, tema que conduz as discussões desta edição do Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia.
Como destaques, foram discutidos assuntos como perspectivas atuais na saúde feminina, incluindo o que se refere ao rastreio do câncer de colo de útero e acompanhamento pós-tratamento de lesão de alto grau.
Além desses, técnicas de extração fetal difícil na cesárea, sangramento irregular na usuária de contraceptivo, perspectivas atuais no tratamento da mulher no climatério e, também, endometriose.
Tratamento no climatério
Pela manhã, na conferência “Perspectivas atuais no tratamento da mulher no climatério”, a médica Lúcia Helena Simões da Costa Paiva (Campinas – SP) reforçou a importância do tratamento dos sintomas da menopausa e enfatizou a superioridade do tratamento hormonal sobre os demais. Já nos casos de contraindicações ao uso de hormônios, existem outros medicamentos que possibilitam uma melhoria da qualidade de vida.
A médica ainda esclareceu que os hormônios bioidênticos são os hormônios iguais, do ponto de vista molecular, ao estradiol produzido pelo ovário. Portanto, os hormônios produzidos em laboratório são tão bioidênticos quanto os hormônios manipulados. Além disso, apresentou uma nova droga (fezolinetant), com bons resultados para sintomas vasomotores, que já é usada nos Estados Unidos e deve ser lançada no Brasil. A conferência foi presidida por Ana Lúcia Ribeiro Valadares.
Como comunicar más notícias?
Nesta edição, foi realizada, pela primeira vez, o hand on Spikes. O médico Pedro Henrique Tannuri Saraiva, que ministrou o curso, explicou que o protocolo remonta a um conjunto de estratégias para comunicar más notícias, pensando tanto do ponto de vista do paciente quanto do profissional de saúde.
Segundo Saraiva, uma notícia mal dada é prejudicial ao paciente, e o médico precisa estar preparado para lidar com momentos como este. “Observamos que médicos destreinados tendem a evitar essas situações. O treinamento é importante para evitar os prejuízos. Para o paciente, a relação com o médico pode ficar comprometida, a visão de futuro, distorcida, além da possibilidade de não-adequação ao tratamento ou condução do caso”, analisou.
Premiação
Na noite desta sexta-feira, foi entregue o prêmio “Guilherme de Castro Rezende” aos sete melhores trabalhos na categoria tema livre. O nome do prêmio é uma homenagem da SOGIMIG ao médico, diretor de ensino e residência médica da Sogimig que faleceu em fevereiro deste ano. A esposa dele ajudou na entrega.
Conheça os vencedores:
Ginecologia:
1º lugar – Literacia em Saúde: onde falha a contracepção?
Vitor Neves Batista; Ana Maria Guedes Barbosa; Anne Caroline Magalhães Oliveira; Eura Martins Lage; Patrícia Gonçalves Teixeira
2º lugar – Níveis de GDF-15 em mulheres com a síndrome de ovários policísticos e o uso de Metformina: estudo clínico e análise in silico de vias biológicas
Fernanda Medeiros Vale Magalhães; Rodrigo Mendonça Cardoso Pestana; Ana Lúcia Cândido; Flavia Ribeiro Oliveira; Cláudia Natália Ferreira; Ieda De Fátima Oliveira Silva; Fernando M. Reis; Karina Braga Gomes
3º lugar – Tratamento da incontinência urinária oculta na correção do prolapso genital: revisão sistemática
Aline Torres Alves; Gabriel Lage Neves; Mariana Rodrigues Marinho De Bastos; Thiago Magela Gomes Da Silva; Agnaldo Lopes Da Silva Filho; Eduardo Batista Candido
Obstetrícia:
1º lugar – Avaliação de Complicações maternas e feto-perinatais da dengue em gestantes
Roberta Coutinho Vasconcelos; Lucas Oliveira Marques; Ana Christina De Lacerda Lobato
2º lugar – Relato de caso: rotura uterina antes de trabalho de parto com protusão de bolsa amniótica e membro fetal, desafio, diagnóstico e tratamento
Renata Garcia Abrão Pereira; Camilla Alves Muratori Albuquerque De Lima; Fernanda Valério Henriques; Letícia Paula Oliveira Cabral; Ana Clara Maia De Carvalho; Flavia Caren Andrade Vieira
3º lugar – Gestação ectópica em istmocele associada à malformação arteriovenosa: relato de caso
Gustavo Henrique Dornela De Souza; Beatriz Lopes Da Costa; Mariana Seabra Leite Praça; Fernanda Magalhães Menicucci; Augusto Henriques Fulgêncio Brandão; Mári Dias Corrêa Júnior
3º lugar – Gestação gemelar com mola completa: um caso raro
Isabela Safar Paim; Sarah Tereza Siqueira; Roberta Pamplona Frade Madeira; Luisa Vianna Cançado; Rogeria Andrade Werneck; Maria Amélia Sarmiento
Na ocasião, a presidente da SOGIMIG, Inessa Beraldo, lançou o segundo vídeo da campanha de valorização profissional.
Veja os temas discutidos no terceiro dia do CMGO:
A paciente jovem no consultório
Os palestrantes Thais Ramos Villela, Maria Virgínia Furquim Werneck Marinho, Daisy Martins Rodrigues e Sílvia Mendonça da Matta participaram da mesa-redonda, que teve como moderador João Tadeu Leite dos Reis e debatedora Cláudia Lúcia Barbosa Salomão.
Endometriose
A mesa-redonda reuniu os palestrantes Márcia Mendonça Carneiro, João Pedro Junqueira Caetano, Sérgio Podgaec e William Schneider da Cruz Krettli. O moderador foi Delzio Salgado Bicalho, e a debatedora, Marcia Cristina França Ferreira.
Perspectivas atuais no tratamento da mulher no climatério
Presidida por Ana Lúcia Ribeiro Valadares, a conferência foi ministrada por Lúcia Helena Simões da Costa Paiva, de Campinas (SP).
Anemia na paciente Gestante e ginecológica
A palestrante do Simpósio MSD foi Andrezza Vilaça Belo Lopes, que falou sobre a importância de uma abordagem baseada no patient blood management (PBM).
Perspectivas atuais na saúde feminina
A mesa-redonda girou em torno de temas como microbioma vaginal, mamas densas, rastreio do câncer de colo e acompanhamento pós-tratamento de paciente com lesão de alto grau. Esses dois últimos foram ministrados por Sophie Fraonçoise Mauricette Derchain, de Campinas. A mesa teve também a participação de Larissa de Oliveira Aquino e Lúcia Helena Mello de Lima, de Vitória (ES). A debatedora foi Adriana Almeida de Souza Lucena.
Atualização em anticoncepção
Os palestrantes foram José Maria Soares Junior, Fernando Marcos dos Reis e Fabiene Bernardes Castro Vale, além de Carolina Sales Vieira, de Ribeirão Preto, que falou sobre sangramento irregular na usuária de contraceptivo. Elaine Cristina Fontes de Oliveira moderou a mesa-redonda e Antonio Eugênio Motta Ferrari foi o debatedor.
Condutas nas complicações maternas graves
Gabriel Costa Osanan, Renato Teixeira Souza, Júlio César de Faria Couto e André Luiz Malavasi palestraram nesta mesa-redonda, que foi moderada por Maria do Carmo Tolentino Santos. O debatedor foi Márcio José Rosa Requeijo.
Síndromes hipertensivas
Abordaram o tema os palestrantes Renato Teixeira Souza, Francisco Lírio Ramos Filho, Jussara de Souza Mayrink e Angélica Lemos Debs Diniz. A debatedora da mesa-redonda foi Eura Martins Lage, e a moderadora, Aluana Rezende Parola.
Simpósio CSL Vifor
Neste simpósio satélite, o palestrante Agnaldo Lopes da Silva falou sobre “Anemia na Ginecologia e Obstetrícia: Do diagnóstico ao PBM (Patient Blood Management)”.
A importância da medicina no ciclo de vida feminina
A mesa-redonda contou com a participação das palestrantes Camila Martins de Carvalho, Ines Katerina Damasceno Cavallo Cruzeiro e Carla Tavares Felipe Vieira, além de Ana Bianchi (Uruguai). A moderadora foi Ana Luiza Pereira Saramago, e a debatedora, Laura Maria Almeida Maia.
Obstetrícia: e agora?
Nesta mesa-redonda, os palestrantes foram Edson Borges de Souza, Welington Ued Naves, Gabriel Martins Cruz Campos e Frederico Ferri de Resende. Renata Roberto Diniz atuou como moderadora e Renato Teixeira Souza como debatedor.
Simpósio Clínica Vilara
“Hay lugar para la prevención em medicina reproductiva?” foi o questionamento que conduziu a palestra de Natália Fernández Peri (Argentina).
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