Câncer de mama: incidência, fatores de risco e formas de diagnóstico

Embora muito se tenha avançado em relação aos métodos propedêuticos, aumento da taxa de diagnóstico precoce e formas de tratamento do câncer de mama, a incidência e a taxa de mortalidade continuam alarmantes.

Nas últimas décadas, a redução da mortalidade devido à doença foi registrada somente em países de alta renda. A diminuição dessa taxa se deve aos programas de controle de câncer e ações para detecção e tratamento. A seguir, confira a incidência do câncer de mama, seus fatores de risco e meios de diagnóstico.

A incidência do câncer de mama

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, atrás somente do câncer de pele (não melanoma). Atualmente, a doença representa a quarta causa geral de morte. 

A Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil (INCA, 2023) prevê no triênio de 2023 a 2025, 73.610 novos casos de câncer de mama, com risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente no país e em todas as Regiões brasileiras. O maior risco é observado na:

  • Região Sudeste: 84,46/1000;
  • Região Sul: 71,44/1000;
  • Região Centro-oeste: 57,28/1000;
  • Região Nordeste: 52,20/1000; 
  • Região Norte: 24,99/1000.

Fatores de risco

Entre os fatores de risco, o mais importante é a idade acima de 50 anos. Contudo, outros fatores são considerados, como histórico familiar, fatores hormonais, ambientais, e genéticos.

Idade

A probabilidade de desenvolvimento de câncer de mama aumenta com a idade, atingindo o pico de incidência entre os 45 e os 55 anos. A doença é considerada pouco comum antes dos 35 anos, embora esteja se apresentando em idades cada vez mais precoces.

Histórico familiar

Mulheres com histórico familiar de câncer de mama têm risco aumentado para a doença. A história familiar positiva se refere a parentes de primeiro grau, como mãe, irmã ou filha. Nesses casos, é importante considerar se o câncer foi diagnosticado na pré-menopausa e se ocorreu em uma ou em ambas as mamas, características que possibilitam avaliar o risco relativo em cada caso.

Histórico pessoal

As mulheres com história pessoal prévia de câncer de mama apresentam risco de 50% de desenvolver tumor microscópico e 20% a 25% de tumor clinicamente palpável na mama contralateral. História de câncer de ovário ou cólon e radioterapia torácica prévia para linfoma de Hodgkin também elevam o risco para esse tipo de câncer.

Fatores hormonais

O sexo feminino constitui o fator de risco mais alto de câncer de mama. A doença acomete os homens em menos de 1% dos casos. Mulheres com menarca precoce, antes dos 12 anos, e menopausa tardia, acima dos 55 anos, apresentam risco relativo aumentado de contrair a doença. 

Mulheres submetidas à ooforectomia (remoção dos ovários) antes da menopausa e com primeira gravidez precoce, antes dos 30 anos, apresentam baixo risco relativo. Essas informações evidenciam a relação do câncer com o ambiente hormonal da mulher. Quanto maior o tempo de exposição hormonal, maior o risco relativo para o desenvolvimento desse câncer.

Fatores ambientais

Sabe-se que a incidência do câncer de mama no Japão é baixa. No entanto, é observado um aumento significativo quando mulheres japonesas migram para os Estados Unidos e adotam os hábitos de vida das mulheres americanas. 

A frequência desse câncer na segunda geração de japonesas migrantes é semelhante à das americanas. Já no Brasil, verifica-se incidência mais alta nas regiões Sul e Sudeste, comparadas com as regiões Norte e Nordeste. 

Fatores ambientais de certas populações têm apresentado possível relação com o câncer, como padrão alimentar, obesidade, ingestão de ácidos graxos saturados, etilismo e exposição a agentes químicos.

Fatores genéticos

Os fatores genéticos estão relacionados com aproximadamente 5% a 10% de todos os cânceres de mama. O risco relativo de desenvolver câncer de mama ao longo da vida, na população feminina, em geral, é de aproximadamente 12%. Nas mulheres que apresentam mutação, o risco é mais alto. 

Diagnóstico

O diagnóstico do câncer de mama envolve diferentes formas. Inicialmente, a história clínica é coletada de maneira criteriosa e detalhada para se estabelecer o diagnóstico clínico e a identificação de grupos de risco. Além disso, outros exames são indispensáveis para a constatação da doença.

Diagnóstico clínico

A principal queixa das pacientes diante do diagnóstico clínico é a presença de tumor. O tumor maligno costuma apresentar crescimento insidioso, localizando-se no quadrante superior externo, de forma unilateral, com consistência endurecida a pétrea e contornos irregulares.

Além disso, é observada assimetrias de volume, edema linfático de pele, abaulamentos, retrações de pele ou ulcerações. Os linfonodos axilares acometidos se encontram endurecidos e aderidos a planos profundos. A caracterização cuidadosa e rigorosa dos achados no exame físico é importante, assim como o estadiamento correto da lesão irá influenciar a conduta terapêutica.

Mamografia

Atualmente, a mamografia é o exame sensível para detecção do câncer de mama. Usada para o rastreamento do câncer na ausência de sinais ou sintomas, é também método diagnóstico importante em pacientes com anormalidades na mama. Todas as mulheres com mais de 40 anos devem fazer mamografia anualmente. 

Da mesma forma, mulheres com história pessoal ou familiar importante devem consultar o médico a respeito da necessidade de iniciar o rastreamento em idade precoce, como aos 35 anos.

Ultrassonografia mamária

A ultrassonografia mamária, embora não seja usada como exame de rastreamento, em muitas oportunidades tem importante papel coadjuvante na elucidação diagnóstica, sendo um método complementar à mamografia

Esse é um exame dinâmico, rápido, que não utiliza radiação ionizante e é bem tolerado pelas pacientes. Portanto, é indicado principalmente nas mamas densas à mamografia em pacientes jovens ou durante a gestação e a lactação. Além disso, é feita também para avaliar mamas com próteses mamárias, para realização de punção e biópsia dirigida e para marcação de lesões não palpáveis. 

Tomossíntese ou mamografia 3D

A tomossíntese é uma tecnologia de imagens tomográficas reconstruídas a partir das imagens da mama comprimida na mamografia digital e obtidas em diversos ângulos e em cortes de 1mm, durante o deslocamento do tubo de radiografia. 

Esse exame é indicado principalmente nos casos de pacientes com mamas densas. A tomossíntese promoveu aumento nos índices de detecção de câncer de mama, diminuindo a reconvocação das pacientes e aumentando a exatidão do rastreamento.

O câncer de mama ainda é uma doença com grande incidência no Brasil, mesmo com o avanço para os métodos diagnóstico que envolvem também procedimentos invasivos, como punções e biópsias. No entanto, somente com a adesão aos métodos de prevenção e exames periódicos é possível estabelecer o diagnóstico precoce, diminuindo as taxas de mortalidade na população.

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