Neoplasia de mama: tratamento cirúrgico e radioterápico

Ainda que muito se tenha avançado em relação aos métodos propedêuticos, ao aumento da taxa de diagnóstico precoce e às formas de tratamento da neoplasia de mama, a incidência e a taxa de mortalidade continuam alarmantes.

Nos últimos 20 anos, as reduções da mortalidade por câncer de mama foram registradas somente nos países de alta renda. Segundo os analistas e pesquisadores, os programas de controle do câncer, em especial, ações de detecção precoce e tratamento, são as principais causas dessa redução. Confira a seguir, como é o tratamento cirúrgico e radioterápico para a neoplasia de mama.

A incidência da neoplasia de mama no Brasil

O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres e o segundo tipo mais frequente no mundo, ficando somente atrás do câncer de pele não melanoma. Em mulheres, a neoplasia de mama representa a quarta causa geral de morte, constituindo grave problema de saúde pública.

Segundo o INCA, 2023 (Instituto Nacional de Câncer), a incidência de Câncer no Brasil prevê do triênio 2023-2025 foram estimados 73.610 novos casos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100.000 mulheres. Desses casos, estima-se que as regiões com maiores riscos são respectivamente a Sudeste (52,83/100 mil), Centro-oeste (47,31/100 mil), Nordeste (42,11/100 mil), Sul (41,06/100 mil) e Norte (27,73/100 mil).

Tratamento do câncer de mama

O tratamento do câncer de mama visa o controle locorregional e sistêmico da neoplasia, proporcionando boa qualidade de vida às pacientes e diminuindo as taxas de mortalidade. A cirurgia constitui uma das etapas mais importantes no tratamento, incluindo a remoção do tumor e tecidos adjacentes e o estudo do status axilar.

O carcinoma lobular in situ, apesar do nome não é um mais considerado uma neoplasia e sim uma lesão marcadora de risco,  a qual aumenta em 4 vezes o  risco de câncer de mama. Seu tratamento se limita à ressecção local ampla, com a paciente sendo mantida em observação.O carcinoma ductal in situ é considerado a lesão de maior impacto clínico, formada por células cancerígenas dentro do ducto mamário, é a lesão inicial e quando diagnósticado e tratado tem altas taxas de cura. 

Tratamentos cirúrgicos

Atualmente a mastectomia, seguida ou não  de radioterapia, associada ou não à hormomioterapia tem sido reservada para pacientes com mutações patogênicas como BRCA1 e BRCA 2 ou quando não conseguimos boa resposta em redução de extensão de doença com a quimioterapia neoadjuvante. 

 

Sendo assim, a cirurgia conservadora seguida de radioterapia com ou sem hormonioterapia adjuvante, lidera a prática atual, uma vez que apresenta índices de recidivas locais em torno de 12% com resultados estético-funcionais melhores e menor morbidade. 

Mastectomia

A mastectomia radical consiste na extração em bloco da mama e dos músculos peitorais e no esvaziamento axilar completo. E hoje em dia praticamente não é mais realizada. 

A mastectomia simples ou total consiste na retirada somente da glândula mamária e pode estar associada à biópsia de linfonodo sentinela (o primeiro a entrar em contato com células cancerígenas).

A mastectomia subcutânea com preservação de pele consiste na dissecção do retalho cutâneo entre o tecido subcutâneo e a mama. Visando minimizar a mutilação, a preservação do complexo areolomamilar pode ser proposta quando indicada a mastectomia. A técnica apresenta maior complexidade técnica por utilizar incisões menores, o que possibilita resultados estéticos melhores. 

Cirurgias conservadoras

O tratamento cirúrgico do câncer de mama evoluiu nos últimos anos. No momento, existem evidências científicas suficientes de que as cirurgias conservadoras podem ser feitas com a mesma segurança da mastectomia, com sobrevida livre de doença e sobrevida global equivalentes. No entanto, devem ser respeitados os requisitos fundamentais, como:

  • Capacidade de realizar a ressecção com margens livres; 
  • Relação tumor/volume da mama favorável;
  • Estádios iniciais do câncer de mama;
  • Acesso à radioterapia adjuvante;
  • Desejo da paciente.

 As contraindicações à cirurgia conservadora da mama são: impossibilidade de realizar radioterapia adjuvante, como em caso de radioterapia torácica prévia ou  gestação.

Reconstrução mamária

A reconstrução mamária na neoplasia de mama consiste em manter a estética e oferecer um novo sentimento de feminilidade à mulher submetida à mastectomia. Assim, a reconstrução mamária pode ocorrer no mesmo tempo cirúrgico da mastectomia ou meses após. Contudo, para que aconteça, a mulher deve apresentar condições clínicas adequadas, principalmente quando são usados retalhos miocutâneos (músculo grande dorsal ou reto abdominal).

Tratamento radioterápico

A Radioterapia tem como objetivo o controle locorregional da doença. Desse modo, todo tratamento conservador deve ser seguido de radioterapia, com o tempo entre a cirurgia conservadora e a radioterapia não excedendo 16 semanas quando não se utiliza a quimioterapia. 

A radioterapia pós-mastectomia deve ocorrer em tumores localmente avançados. Já a radioterapia paliativa é indicada em casos de metástases ósseas, cerebrais, massas retobulbares, conglomerados de linfonodos, compressão de estruturas (medula óssea) e na cicatrização de lesões ulceradas e sangrantes. 

Além disso, tem importante papel no controle da dor em casos de metástases ósseas.

As complicações atribuídas à radioterapia podem ser agudas (em até 90 dias após o início do tratamento) ou crônicas (após 90 dias). A mais comum é a radiodermite, eritema cutâneo nos casos leves. A condição pode evoluir para descamação, ulceração e necrose nos casos graves. 

Fadiga, dor e edema local são queixas um pouco menos comuns. O linfedema (obstrução do sistema linfático) de membro superior é uma complicação tardia que está frequentemente associada ao esvaziamento axilar, seguido de radioterapia da região de subclávia e axila. Além disso, podem ser observadas também fibrose cutânea e pulmonar e outras complicações. 

A neoplasia de mama apresenta diferentes formas de tratamento que serão decididos individualmente, considerando o estadiamento do tumor, o tipo de lesão, e condições de saúde da mulher. Seja qual for o protocolo adequado, quanto mais cedo o câncer de mama for diagnosticado, maiores serão as chances de cura.

Gostou destas informações? Confira também o papel da mamografia no diagnóstico do câncer de mama!

Informações retiradas do Manual Sogimig, capítulo 33.
Taxas de incidência de casos atualizados conforme dados do INCA, 2023.