Como tratar a vaginose bacteriana, uma infecção vaginal comum que pode causar corrimento e desconforto

A vaginose bacteriana, assim como a candidíase, é uma infecção vaginal comum, caracterizada pelo desequilíbrio da flora vaginal. Naturalmente dominada por Lactobacillus, a flora é acometida por bactérias anaeróbicas na vaginose bacteriana

Segundo a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), as espécies mais frequentemente encontradas nessa infecção são Gardnerella vaginalis, Atopobium vaginae, Prevotella sp, Mycoplasmas sp, e mais. Continue a leitura para conhecer o diagnóstico dessa e entender como a vaginose é tratada.

Vaginose bacteriana: principal causa do corrimento vaginal

A vaginose bacteriana é a principal causa de corrimento vaginal, doença ginecológica que é motivo de 30% das consultas rotineiras ao ginecologista. O corrimento, ao mesmo tempo que é um sintoma da vaginose, é uma doença negligenciada, considerando que seu tratamento é simples e efetivo. 

A microbiota vaginal normal é formada por bactérias aeróbicas, anaeróbicas e lactobacilos, que correspondem a 95% dessas bactérias. Produzindo ácido lático, os lactobacilos têm a função de manter o pH vaginal ácido e inibir o crescimento de microrganismos patológicos, ou seja, nocivos.

Contudo, os lactobacilos também atuam sobre outros microrganismos pela produção de peróxido de hidrogênio, bacteriocinas e probióticos. A capacidade de produção do peróxido de hidrogênio contribui para a proteção contra o aparecimento da vaginose bacteriana.

Observa-se que tais lactobacilos podem variar entre as espécies. Desse modo, uma delas apresenta maior capacidade de produção do peróxido de hidrogênio, enquanto outra tem menor capacidade. A última, por sua vez, é associada a maiores taxas de doença

Fatores de risco

Alguns fatores comportamentais podem aumentar o risco para o desenvolvimento da vaginose bacteriana. Entre eles estão múltiplos parceiros sexuais, novos parceiros, alta frequência de relações sexuais, uso de duchas vaginais, tabagismo e sexo sem uso de preservativos. Embora a vaginose bacteriana não seja considerada uma IST (infecção sexualmente transmissível), mulheres virgens são raramente afetadas.

Como é feito o diagnóstico da vaginose bacteriana

Essa infecção vaginal é caracterizada pela presença de corrimento homogêneo, fino, branco-acinzentado e com microbolhas, não aderente às paredes vaginais. Os principais sintomas da vaginose bacteriana são:

  • corrimento
  • odor fétido, acentuado após o coito.

Raramente podem ocorrer sintomas inflamatórios:

  • disúria (dor ao urinar);
  • dispareunia (dor durante relação sexual);
  • edema vaginal e vulvar;
  • prurido;
  • irritação;

O diagnóstico da infecção é baseado na presença de corrimento, odor característico, pH vaginal < 4,5 e presença de células indicativas. Desse modo, é realizado por meio da avaliação dos sintomas e confecção e análise de uma lâmina com secreção vaginal.

Como essa infecção vaginal é tratada

O tratamento da vaginose bacteriana é indicado para aliviar os sintomas. Além disso, contribui para diminuir o risco de contágio por outras ISTs. Entre os medicamentos que costumam ser indicados pelo médico estão o metronidazol, tinidazol e clindamicina. 

Podem ser usados por via oral e também são apresentados em creme ou gel, para aplicação intravaginal. Durante o tratamento, a mulher deve evitar a ingestão de álcool e abster-se de relações sexuais, ou utilizar preservativos durante o sexo. 

Os esquemas de tratamento em dose única, muito usados anteriormente, tem sido abandonados. Isso porque costumam apresentar maior recorrência quando comparados aos esquemas longos. 

Vaginose recorrente

Após o tratamento da vaginose bacteriana, as recidivas são frequentes e podem ocorrer em 30% a 50% das mulheres em 3 e 12 meses. Alguns estudos sugerem que a presença do Atopobium vaginae estaria associada a recorrência da doença. Isso por tratarem-se de germes resistentes aos imidazólicos, ainda que sejam sensíveis a clindamicina. 

Assim, em casos como esse, são realizadas mudanças nos esquemas de tratamento, associando a outros antibióticos, como secnidazol, tianfenicol, azitromicina e doxiciclina. Além disso, o tratamento do parceiro também é uma opção usada. 

A vaginose bacteriana é uma das queixas mais frequentes em consultórios de ginecologia. A infecção vaginal, caracterizada pelo corrimento seguida de outros sintomas, pode ser diagnosticada e tratada facilmente. Por isso, é de extrema importância que a mulher busque atendimento médico ao observar esses sintomas.

Gostou de saber mais sobre este assunto? Veja também o que é a candidíase recidivante e como proceder!

Referência:

Manual Sogimig

Capítulo 34 – Corrimento vaginal