Descolamento prematuro de placenta: tratamento, prognóstico e prevenção

O descolamento prematuro da placenta é caracterizado pelo desprendimento abrupto da placenta, normalmente inserida no corpo uterino, de seu local de implantação após 20 semanas de gestação. 

Essa complicação ocorre em 1% a 2% de todas as gestações. Por ser uma importante causa de sangramento no terceiro trimestre, está associada ao aumento da morbimortalidade materno-fetal. Além do sangramento pode ocorrer uma hipertonia uterina e bradicardia fetal. Desse Desse modo, quando não tratada, pode ser fatal. Continue a leitura para conhecer as causas, formas de tratamento, prognóstico e prevenção do descolamento prematuro de placenta.

Quais as causas do descolamento prematuro de placenta?

O descolamento prematuro de placenta é iniciado pela hemorragia na decídua basal, componente da placenta. Com o rompimento das artérias espiraladas da decídua, ocorre o hematoma retroplacentário, que se expande, e rompe outros vasos. Isso aumenta a área descolada com consequente separação e perda da função placentária. 

O sangue pode dissecar as membranas da parede uterina e ser eliminado externamente ou ficar retido no útero. Pode também infiltrar-se no líquido amniótico ou miométrio, musculatura do útero. 

Quando infiltrado pelo sangue, essa região desorganiza seu sistema de fibras musculares, evoluindo para hipotonia ou atonia uterina. Geralmente a contratilidade uterina está associada a algum grau de hipertonia em virtude da ação irritante do sangue sobre a fibra muscular uterina.

Como é o tratamento dessa complicação?

O tratamento do descolamento prematuro de placenta deve ser individualizado, variando de acordo com a idade gestacional e as condições materno-fetais. Um bom prognóstico depende de intervenção rápida e adequada. As medidas iniciais em direção ao centro cirúrgico incluem o suporte básico da vida:

  • manutenção de vias aéreas pérvias e parâmetros hemodinâmicos estáveis;
  • observação e monitorização rigorosa de sinais vitais;
  • infusão de cristaloides por acesso venoso calibroso;
  • avaliação da necessidade de transfusão de sangue;
  • monitorização fetal contínua;
  • exames laboratoriais;
  • oxigenoterapia.

Cesariana

A cesariana é uma das formas de tratamento para o descolamento prematuro de placenta. Essa é a via de parto adequada quando o feto tem idade viável e o parto vaginal não é iminente. Diante de um quadro da complicação com comprometimento fetal, o parto deve ser realizado em situação de emergência. 

A cesariana facilita o acesso direto à vascularização uterina. Em alguns casos, pode ser necessário a histerectomia. No entanto, outros procedimentos são preconizados antes dessa decisão, incluindo administração de medicamentos, correção da coagulopatia e métodos cirúrgicos. 

Parto vaginal

Quando não houver comprometimento materno e o trabalho de parto estiver avançado, já no segundo estágio, a via vaginal poderá ser tentada com cuidados maternos e monitorização materna e fetal rigorosa. Essa é a via de escolha em caso de morte fetal secundária ao descolamento prematuro de placenta, quando as condições maternas estão estáveis. 

Em gestações com menos de 34 semanas a conduta deve ser individualizada, dependendo das condições clínicas maternas e da vitalidade fetal, com monitorização diária dos parâmetros maternos e fetais e avaliação da área descolada. 

No entanto, no caso de descolamento prematuro de placenta em pacientes com mais de 34 semanas, a interrupção da gestação é imperiosa a fim de evitar consequências potencialmente graves associadas à complicação.

Qual é o prognóstico do descolamento prematuro de placenta?

Alguns fatores pioram o prognóstico materno, como a postergação exagerada do parto (> 20 minutos), ruptura uterina, ausência de sangramento vaginal (oculto), idade gestacional < 34 semanas, associação à morte fetal, extensão do descolamento > 50% da área placentária, overdose aguda de cocaína e associação à pré-eclâmpsia grave.

Na vigência de fatores de mau prognóstico e diante da instalação de complicações graves, como coagulação intravascular disseminada e insuficiência renal por choque hipovolêmico, a mortalidade materna se aproxima dos 10%. Já o prognóstico fetal é mais reservado, e óbito pode alcançar a totalidade dos casos mais graves. A prematuridade é fator relevante na morbimortalidade fetal.

É possível prevenir a complicação?

Na maior parte dos casos não é possível prevenir o descolamento prematuro da placenta. Entretanto aA eliminação de fatores de risco evitáveis pode diminuir a recorrência do descolamento prematuro de placenta em gestações subsequentes, sendo dois dos mais notáveis o tabagismo e o consumo de cocaína. 

A educação sobre os riscos decorrentes do uso de drogas e dos hábitos comportamentais, além de programas que auxiliam a cessação ou a reabilitação, pode ajudar a prevenir futuros quadros de descolamento prematuro de placenta. Mulheres hipertensas devem ser acompanhadas adequadamente, evitando o descontrole da pressão e suas complicações. 

Em virtude da associação potencial do descolamento prematuro de placenta às trombofilias, uma paciente com quadro de trombofilia que teve descolamento grave ou muito prematuro, especialmente com a morte do feto, pode ser tratada com terapia anticoagulante durante a gravidez e por 6 semanas no puerpério.

O descolamento prematuro de placenta é uma condição grave que pode comprometer a vida materna e fetal. Por isso, deve ser tratada rapidamente quando identificada, melhorando as chances para um prognóstico positivo.

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