Fatores de risco e diagnóstico no descolamento prematuro de placenta

O descolamento prematuro da placenta (DPP) consiste no desprendimento abrupto da placenta de seu local de implantação após 20 semanas de gestação. Essa é uma importante causa de sangramento no terceiro trimestre, e está associada ao aumento da morbimortalidade materno-fetal.

Em geral, o sangramento causado pelo DPP se evidencia hemorragia externa, quando o sangue localiza-se entre o útero e as membranas, sendo eliminado pelo colo. Com frequência, o sangue não é exteriorizado. Assim, fica retido entre a placenta descolada e o útero, resultando em hemorragia oculta. Conheça mais sobre essa complicação, os fatores de risco e diagnóstico.

Descolamento prematuro de placenta: o que é?

O descolamento prematuro de placenta inicia-se com o rompimento de artérias espiraladas, desenvolvendo assim um hematoma retroplacentário. Por sua vez, o hematoma se expande, rompendo outros vasos e aumentando a área descolada com consequente separação e perda da função placentária. 

O sangue pode ser eliminado externamente ou ficar retido no útero. Além disso, pode também infiltrar-se no líquido amniótico. Quando infiltrado no miométrio, ocorre desorganização do sistema de fibras musculares, podendo evoluir com hipotonia ou atonia uterina.

Fatores de risco

A principal causa do descolamento prematuro de placenta é desconhecida. Contudo, vários fatores de risco foram identificados, como a hipertensão arterial materna, principal fator etiológico que ocorre em cerca de 44% de todos os casos.

Causas mecânicas ou traumáticas

Estão entre fatores de risco para o descolamento prematuro de placenta o traumatismo abdominal, brevidade do cordão (comprimento inferior a 20cm), retração uterina e expulsão do primeiro feto em gestação gemelar. Além disso, também estão:

  • miomatose uterina;
  • placenta prévia
  • torção do útero gravídico;
  • ruptura uterina
  • gestação múltipla.;
  • hemorragias retroplacentárias por punção com agulha.

Causas não-traumáticas

Relacionadas às causas não-traumáticas estão histórico de descolamento prematuro de placenta anterior, tabagismo, consumo de álcool e cocaína, anemia, má nutrição, idade, entre outros fatores.

Diagnóstico

 

O diagnóstico de DPP é baseado nos achados clínicos da paciente. O médico busca por fatores de risco, sinais e sintomas de DPP na anamnese e no exame físico. Os exames laboratoriais visam avaliar as repercussões maternas e o rastreamento de possíveis complicações.

Quadro clínico

Os sinais e sintomas podem incluir sangramento vaginal associado a dor abdominal por hipertonia uterina, sofrimento fetal e hipertensão arterial materna. O sangramento vaginal está presente em 80% dos casos, e o volume do sangramento pode não refletir a gravidade do descolamento. Em tempo relativamente curto, o sangramento uterino pode ser suficiente para colocar em risco a saúde materna e a fetal.

Exames laboratoriais

Nenhum exame laboratorial se revela eficaz para o diagnóstico diferencial de descolamento prematuro de placenta. Em casos de hemorragia, exames laboratoriais devem ser realizados para o rastreio de possíveis complicações. 

Recomenda-se a realização de tipagem sanguínea, hemograma, contagem plaquetária, dosagem de fibrinogênio, função hepática, coagulograma e outros. Visto que os valores iniciais de hemoglobina podem não representar a sanguínea real da paciente, o julgamento clínico é necessário na avaliação de transfusão sanguínea, quando necessária.

Ultrassonografia 

A ultrassonografia auxilia a determinação da localização da placenta, de modo a excluir placenta prévia. Contudo, não é muito útil no diagnóstico de DPP. A visualização de hematoma retroplacentário na ultrassonografia ocorre em apenas 2% a 25% dos casos e depende de sua extensão e localização.

Cardiotocografia

A avaliação cardiotocográfica é recomendada nos casos de suspeita clínica de DPP em que a ausculta fetal inicial é normal, a mulher se encontra estável, ou quando se inicia ressuscitação volêmica com o objetivo de decidir sobre a via de parto para conhecer a condição fetal. 

O sofrimento fetal é evidenciado por alterações na frequência cardíaca. Possíveis achados incluem: ausência de acelerações, bradicardia fetal prolongada, desacelerações variáveis e tardias repetitivas e diminuição na variabilidade. 

Além disso, observa-se aumento do tônus uterino associado a contrações frequentes que podem evoluir para taquissistolia (aumento excessivo da frequência das contrações uterinas). Essas alterações podem ajudar na confirmação diagnóstica.

Diagnóstico diferencial

A placenta prévia, o principal diagnóstico diferencial a ser excluído, manifesta-se com sangramento vaginal não acompanhado de dor e pode ser confirmada pela ultrassonografia. A anamnese e os exames físico e complementares podem ajudar a excluir outras possíveis causas, como traumatismo vaginal, sangramentos do seio marginal, trabalho de parto pré-termo e sangramento por lesões do colo (pólipos e carcinoma cervical).

Você pôde conhecer um pouco mais sobre o descolamento prematuro de placenta, importante causa de sangramento materno no terceiro trimestre que pode causar morte materno-fetal quando não diagnosticada e tratada. 

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