Sífilis: entenda mais sobre o diagnóstico e tratamento dessa infecção sexualmente transmissível

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Sua transmissão ocorre principalmente por meio do contato sexual desprotegido com uma pessoa infectada. A doença também pode ser transmitida da gestante para o feto durante a gravidez, caracterizando a sífilis congênita. Esta infecção apresenta diversas fases clínicas e, quando não tratada, pode levar a complicações graves. Continue a leitura para conhecer o diagnóstico e tratamento da sífilis!
Quadros clínicos da sífilis
A sífilis evolui em estágios bem definidos: primária, secundária, latente e terciária. Cada fase possui características clínicas próprias. Na fase primária, a infecção se manifesta entre 10 e 90 dias após o contágio.
O sinal clássico é o cancro duro: uma úlcera geralmente única, indolor, com bordas endurecidas e base limpa. Essa lesão surge no local de entrada da bactéria, como genitais, boca ou ânus. Mesmo sem tratamento, o cancro desaparece em até seis semanas, o que pode levar a pessoa a acreditar que a infecção foi resolvida.
Em seguida, ocorre a fase secundária, que se inicia entre seis semanas e seis meses após o aparecimento do cancro. Nessa fase, o paciente pode apresentar manifestações sistêmicas, como febre, mal-estar, dor de cabeça e aumento dos gânglios linfáticos.
São típicas as lesões cutâneas, especialmente nas palmas das mãos e plantas dos pés. Essas manifestações também desaparecem espontaneamente, mas a infecção persiste no organismo. A fase latente da sífilis é caracterizada pela ausência de sintomas, embora a infecção ainda esteja ativa.
Essa fase pode durar anos e é dividida em latente recente (até um ano do início da infecção) e latente tardia (mais de um ano). A transmissão sexual é possível apenas na forma recente.
Finalmente, a sífilis terciária pode surgir após anos ou até décadas da infecção inicial. Trata-se de uma forma grave e rara nos dias de hoje, especialmente em pessoas que nunca receberam tratamento. Essa fase pode causar lesões ósseas, cardiovasculares e neurológicas, resultando em sequelas permanentes.
Diagnóstico da doença
Para confirmar o diagnóstico de sífilis, os profissionais de saúde utilizam testes laboratoriais específicos. Existem dois tipos principais de testes: os não treponêmicos e os treponêmicos. Os testes não treponêmicos, como o VDRL (Venereal Disease Research Laboratory), são utilizados para rastreamento da infecção.
Eles detectam anticorpos não específicos produzidos pelo organismo em resposta à bactéria. Apesar de sua utilidade, esses testes podem apresentar resultados falso-positivos ou falso-negativos, sendo necessária a confirmação com outro método.
Já os testes treponêmicos, como o FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption), detectam anticorpos específicos contra o Treponema pallidum. Esses testes confirmam a infecção, mesmo após o tratamento, pois os anticorpos permanecem no organismo por tempo indefinido.
Em casos de lesões suspeitas, a coleta de material para exame direto em microscopia de campo escuro ou teste de PCR também pode ser realizada. Esses métodos identificam diretamente a presença da bactéria.
Tratamento da sífilis
O tratamento da sífilis é simples, eficaz e acessível. A penicilina benzatina, administrada por via intramuscular, é o medicamento de escolha. A dose e o esquema variam de acordo com a fase clínica da doença.
Na sífilis primária, secundária ou latente recente, o tratamento consiste em uma única dose de 2,4 milhões de unidades de penicilina benzatina. Essa dose é aplicada em duas injeções, uma em cada glúteo. Na sífilis latente tardia ou com duração indeterminada, o esquema recomendado é de três doses de 2,4 milhões de unidades, aplicadas com intervalo de uma semana entre cada dose.
Pacientes com sífilis terciária ou com comprometimento neurológico, como na neurossífilis, necessitam de esquemas mais intensivos, geralmente com penicilina cristalina administrada por via intravenosa. Aqueles alérgicos à penicilina devem ser avaliados por um especialista, pois a dessensibilização é indicada na maioria dos casos, principalmente durante a gestação.
Sífilis na gestação e sífilis congênita
Durante a gravidez, a sífilis pode ser transmitida ao bebê, provocando consequências graves. A infecção congênita pode causar aborto espontâneo, natimortalidade, parto prematuro e manifestações clínicas no recém-nascido, como alterações ósseas, hepáticas e neurológicas.
Por isso, é essencial realizar o rastreamento da sífilis em todas as gestantes, idealmente no primeiro trimestre. A repetição do teste deve ocorrer no terceiro trimestre e no momento do parto. Em casos de resultado positivo, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, com acompanhamento rigoroso.
Além disso, o parceiro sexual da gestante também precisa ser avaliado e tratado, mesmo que não apresente sintomas. Essa abordagem contribui para interromper a cadeia de transmissão da sífilis e evitar reinfecções.
Prevenção
A principal forma de prevenção da sífilis continua sendo o uso do preservativo em todas as relações sexuais. A camisinha masculina ou feminina é uma barreira eficaz contra a transmissão do Treponema pallidum. A educação sexual e a conscientização da população sobre os riscos e as formas de contágio também desempenham papel fundamental na prevenção.
É importante estimular o diálogo aberto sobre sexualidade e saúde reprodutiva, especialmente entre adolescentes e jovens adultos. Além disso, a testagem regular para ISTs, especialmente em pessoas com múltiplos parceiros, permite o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da sífilis.
Considerações finais
A sífilis é uma infecção com diferentes apresentações clínicas, que pode evoluir silenciosamente por anos. Mesmo assim, o diagnóstico é simples e o tratamento é altamente eficaz. O acompanhamento adequado, especialmente em gestantes, previne complicações e protege a saúde do bebê.
Adotar práticas sexuais seguras, realizar exames de rotina e buscar atendimento médico ao menor sinal de alteração são atitudes essenciais para o controle da sífilis. Promover informação e acesso aos serviços de saúde fortalece a prevenção e reduz os índices da doença na população.
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