Saiba mais sobre a contratura capsular, complicação que pode ocorrer em próteses mamárias
As cirurgias plásticas mamárias são realizadas por diversas razões, desde as reconstruções por malformações congênitas, pós-traumatismo ou pós-mastectomias, mas o principal motivo ainda continua sendo o estético. Esse visa melhorar ou recuperar o aspecto original, o formato e o volume mamário. Diante dessa realidade, pode ocorrer a contratura capsular, complicação que tem como característica a rigidez e encurtamento da cápsula que envolve a prótese de silicone.
As alterações inflamatórias das mamas podem envolver doenças de caráter sistêmico ou local, infeccioso ou não. A seguir, entenda mais sobre a contratura capsular, complicação que pode ocorrer em mulheres com próteses mamárias.
O que é a contratura capsular?
Define-se a contratura capsular como um excesso cicatrização da cápsula que envolve a prótese mamária. Assim, resulta-se endurecimento, distorção e, em alguns casos, dor mamária.
A contratura capsular acontece quando a membrana que reveste a prótese torna-se mais espessa e contrai, ação que resulta inicialmente em desconforto e dor e, em alguns casos, pode levar à alteração no formato ou posição da prótese.
São muitos os fatores que podem estar envolvidos na contratura capsular, como uma resposta inflamatória exacerbada, traumas, infecções, hematomas, extravasamento de silicone da prótese, entre outros.
A mamoplastia de aumento é uma intervenção cirúrgica que visa ampliar o tamanho e o contorno de mamas pequenas e assimétricas.
O procedimento também é muito utilizado para a correção de defeitos congênitos, como a amastia (ausência da mama) unilateral ou bilateral congênita, e como a síndrome de Polland.
É realizado também nas reconstruções mamárias após mastectomia, no tratamento do câncer de mama ou nas cirurgias redutoras de risco em pacientes de alto risco. Ao se considerar o número crescente de mulheres que se submetem à cirurgia, o diagnóstico de complicações mamárias é cada vez mais frequente.
Na mamoplastia de aumento utiliza-se implantes preenchidos com gel de silicone ou com solução salina, que tem sido cada vez menos utilizada. A cirurgia, em geral, apresenta ótimos resultados, principalmente após o surgimento de novas próteses de silicone em gel revestidas com membranas porosas texturizadas ou com espuma de poliuretano.
As próteses de superfície lisa estão em desuso, pois apresentam porcentagem maior de complicações, como a contratura capsular. Esse tipo de prótese são as que apresentam maior chance de complicações inflamatórias, com registros de 10% até 30% de casos de contratura capsular após sua inserção, dependendo de diversos fatores, como a técnica cirúrgica utilizada, o posicionamento do implante (subglandular ou submuscular), e o tempo após a cirurgia.
O risco tende a ser maior em implantes lisos porque a superfície lisa pode estimular menos integração tecidual em comparação com as próteses texturizadas, que têm uma superfície que promove maior aderência ao tecido circundante.
Já a taxa de contratura capsular em próteses mamárias texturizadas é geralmente menor em comparação com as próteses lisas. Para implantes texturizados, essa taxa costuma variar entre 5% a 15%. A superfície texturizada das próteses é projetada para reduzir o risco de contratura, pois promove uma maior aderência ao tecido circundante, o que pode limitar o movimento da prótese e reduzir a chance de formação de uma cápsula densa ao redor do implante.
Entretanto as próteses de espuma de poliuretano são conhecidas por ter a menor taxa de contratura capsular, muitas vezes abaixo de 5%. O revestimento de poliuretano cria uma interface altamente aderente com o tecido circundante, reduzindo significativamente a chance de formação de uma cápsula densa e contraturada.
Como são os sintomas?
Os sintomas da contratura capsular são divididos em fase aguda e fase crônica. A fase aguda é entendida como o tempo decorrido entre a inserção da prótese e os primeiros 3 meses. Esse período envolve a preparação pré-operatória, o uso adequado de antimicrobianos profiláticos no peroperatório e os cuidados da paciente no pós-operatório são fundamentais para o sucesso da cirurgia.
Nessa fase, o quadro clínico tem como característica discreto edema das mamas, dor tolerável, eritema, presença de discretos hematomas, além de contratura capsular grau I ou II, ou seja, as mamas macias ou levemente firmes.
A fase crônica, iniciada após o terceiro mês da cirurgia de inserção de prótese, pode apresentar períodos de exacerbação semelhantes aos da fase aguda. Isso porque, também é caracterizada por dor, que se torna crônica.
No entanto, sua principal característica é a deformidade das mamas devido a formação de uma cápsula espessa ao redor das próteses, comprimindo-as. Nessa fase, a contratura capsular é mais acentuada, de graus III e IV, com as mamas duras, disformes e doloridas.
Como é o diagnóstico e tratamento da contratura muscular em próteses mamárias?
O diagnóstico da contratura capsular é essencialmente clínico. Contudo, devem ser feitos exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética. O ultrassom pode revelar acúmulo de líquido e hematoma entre a prótese e o tecido mamário, além de deformidades da prótese.
A ressonância magnética é o melhor exame para detectar contraturas e roturas de implantes de silicone. Afinal, as deformidades são facilmente visíveis especialmente quando ocorre o rompimento do implante.
Tratamento
Para a fase aguda, o tratamento envolve a observação, drenagem dos líquidos e hematomas e uso de antimicrobianos. As cefalosporinas de terceira geração são bastante utilizadas pelos médicos e pode associada a esses procedimentos a drenagem linfática da mama acometida.
Caso não ocorra melhora do quadro inflamatório em 7 a 10 dias, o profissional pode indicar a retirada da prótese. A contratura de grau II pode persistir por 3 meses, sendo a drenagem linfática fundamental para o sucesso do tratamento, assim como o uso de suporte mamário adequado.
Na fase crônica, as pacientes portadoras de contraturas de graus III e IV devem ter a prótese retirada, assim como a cápsula formada. Os antimicrobianos também são utilizados e, conforme a gravidade do caso, é possível inserir nova prótese imediatamente ou 6 meses após a resolução do quadro, quando há ruptura da prótese e infecção grave.
As cirurgias plásticas estéticas têm grande influência cultural. No Brasil, verificou-se nas últimas décadas uma alteração radical no padrão cultural referente ao tamanho das mamas. Enquanto a cirurgia mamária mais realizada até os anos 1980 era a mamoplastia redutora, essa preferência foi alterada nos anos 1990, quando um grande número de mulheres passou a realizar a mamoplastia de aumento com inclusão de próteses.
Conforme publicação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, esse tipo de mamoplastia já é a cirurgia plástica mais realizada no Brasil, representando 21% de todas as cirurgias estéticas. Ainda que o número de complicações como a contratura capsular tenha diminuído, é fundamental manter o acompanhamento médico adequado após a cirurgia, garantindo assim diagnóstico precoce e rápido tratamento.
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