Corrimento vaginal: principais causas e tratamentos

O corrimento vaginal é uma das principais doenças ginecológicas. Por isso, é o motivo de aproximadamente 30% das consultas ginecológicas rotineiras, sendo ainda mais frequente em consultas em serviços de atendimento ginecológico de urgência. 

Essa é uma patologia um pouco negligenciada, pois o tratamento é simples e muito efetivo na maior parte dos casos. Entretanto, quando ocorrem falhas de resposta ou recidivas, é criada uma frustração enorme nos médicos e nas pacientes. 

Além disso, é comum a associação a altos graus de ansiedade em relação à gravidade do quadro e à possibilidade de contágio sexual, o que aumenta a dimensão do processo com implicações nos âmbitos emocional, familiar e sexual. Confira mais detalhes sobre as causas e tratamentos do corrimento vaginal, a seguir.

Corrimento vaginal: principais causas e tratamentos

O corrimento vaginal é ao mesmo tempo um sintoma referido pela paciente e um sinal percebido ao exame físico. Mulheres com relatos de corrimentos profusos podem apresentar apenas secreção fisiológica, enquanto outras pacientes sem queixas apresentam alterações importantes ao exame físico. Dessa forma, o médico deve obter a história clínica completa com informações sobre:

  • comportamento sexual;
  • ciclos menstruais;
  • métodos anticoncepcionais
  • utilização de duchas vaginais;
  • doenças sistêmicas (diabetes, uso de imunossupressores ou infecção pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV);
  • tratamentos prévios (drogas, doses, falta de resposta ou recidivas). 

O exame físico também é indispensável, assim como o exame especular, sempre que possível. 

Quais as causas do corrimento vaginal?

Os três tipos de corrimento vaginal patológicos mais comuns são vaginose bacteriana, candidíase vaginal e tricomoníase. Normalmente, grande parte das mulheres apresenta ao menos um episódio dessas doenças durante sua vida.

Vaginose

A vaginose é a principal causa de corrimento vaginal, tratando-se de uma síndrome clínica polimicrobiana que tem como característica a diminuição da quantidade e qualidade dos lactobacilos e o aumento significativo de bactérias patogênicas. 

Na microbiota vaginal normal coexistem bactérias aeróbicas e anaeróbicas, ressaltando-se que os lactobacilos correspondem a 95% das bactérias presentes, sendo por isso os microrganismos predominantes. 

Os lactobacilos produzem ácido lático, que mantém ácido o pH vaginal e inibe o crescimento de vários patógenos, além de atuarem sobre outros microrganismos por meio da produção de peróxido de hidrogênio, bacteriocinas e probióticos.

As principais bactérias envolvidas na vaginose bacteriana provocam aumento discreto dos leucócitos e a liberação de citocinas, prostaglandinas e enzimas líticas. Vários fatores comportamentais aumentam o risco de aquisição da doença.

Entre eles, estão como múltiplos parceiros, novo parceiro sexual, maior frequência de relações sexuais, tabagismo, uso de duchas vaginais e não utilização de preservativos. Entretanto o tratamento do parceiro não melhora as taxas de cura e a vaginose bacteriana não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). 

A vaginose bacteriana em mulheres não grávidas está associada a várias complicações, como aumento do risco de aquisição da doença inflamatória pélvica, infecções pós-operatórias e aumento das taxas de infecção pelo HIV. Já as gestantes se encontram sob maior risco de várias complicações, como aborto, infecções pós-aborto, prematuridade, endometrite pós-parto e infecções de parede pós-cesárea.

Candidíase

A candidíase é uma doença comum. Estima que 75% das mulheres apresentarão ao menos um episódio durante sua vida. Segunda causa mais comum de corrimento vaginal, está associada à gestação, uso recente de antibióticos, corticoides, contraceptivos hormonais combinados, diabetes, estresse e imunossupressão.

As várias espécies de Candida podem ser encontradas colonizando a vagina e o reto, causando doenças apenas de maneira oportunista. A maior parte dos casos sintomáticos é causada pela Candida albicans, mas outras espécies, como a Candida glabrata e Candida tropicalis, estão aumentando de incidência.

O quadro clínico se caracteriza por prurido, queimação vulvovaginal, edema e escoriações vulvares, disúria (dor ao urinar) e dispareunia (dor durante ou após relação sexual) superficial associados a secreção espessa, em grumos, branca, inodora e aderente às paredes vaginais.

Tricomoníase

O Trichomonas vaginalis é um protozoário anaeróbio que infecta preferencialmente o trato genital humano. A tricomoníase está associada a aumento das taxas de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana, ruptura prematura de membranas e prematuridade.

Aproximadamente 70% a 85% das pessoas infectadas são portadores assintomáticos e podem transmitir a doença a parceiros sexuais. Os homens sintomáticos apresentam uretrite (inflamação da uretra), disúria e secreção uretral mucopurulenta. Já as mulheres desenvolvem um corrimento verde-amarelado, abundante, espumoso e malcheiroso, associados a sintomas inflamatórios intensos, como prurido e irritação vulvares, disúria e dispareunia.

Como tratar as causas?

Na vaginose, os esquemas de tratamento de dose única têm sido abandonados por apresentarem maior recorrência do que os esquemas mais longos. Durante o tratamento, as pacientes devem abster-se de atividade sexual ou utilizar preservativos.

O uso de lactobacilos, probióticos ou vitamina C para restaurar a microbiota normal tem sido tentado sem resultados conclusivos. O tratamento da vaginose bacteriana em pacientes infectados pelo HIV não difere dos esquemas habituais. As gestantes sintomáticas devem ser tratadas para alívio dos sintomas. 

Na candidíase, o tratamento é feito com diferentes medicações antifúngicas. O médico deve optar por esquemas curtos de tratamento para maior adesão ao tratamento. O uso da nistatina tem sido abandonado em razão dos piores resultados e da menor adesão ao incômodo esquema posológico. 

As associações de antifúngico com corticoide fornecem rápido alívio da sintomatologia vulvar, mas não tratam a infecção vaginal. Portanto, se utilizadas, devem ser associadas a outros esquemas terapêuticos.

Por sua vez, o tratamento da tricomoníase, baseia-se no uso de imidazólicos em dose única por via oral, devido a suas altas taxas de sucesso. O tratamento tópico não proporciona níveis terapêuticos na uretra e nas glândulas parauretrais, não devendo ser utilizado. Durante o tratamento, as pacientes devem abster-se de atividade sexual.

As patologias que podem causar o corrimento vaginal podem ser identificadas ainda no início, evitando complicações como dor intensa e desconforto. Por isso, é importante manter consultas de rotina, melhorando as chances de diagnóstico precoce e também de prevenção.

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