Cistos e massas anexiais: definição, diagnóstico e tratamento

O diagnóstico de massas anexiais é um problema comum que pode afetar mulheres de todas as idades. Grande parte dessas massas tem diagnóstico benigno. O avanço dos equipamentos de ultrassonografia e a melhor capacitação dos profissionais proporcionaram não só um aumento no número de diagnóstico de massas pélvicas, como também melhora na diferenciação dos processos inflamatórios, funcionais e neoplásicos anexiais, tanto benignos como malignos. 

O diagnóstico diferencial das massas pélvicas é de extrema importância, pois, diante de uma neoplasia maligna de ovário, o diagnóstico precoce contribui ao diminuir a morbimortalidade. Continue a leitura para conhecer mais sobre cistos e massas anexiais, formas de diagnóstico e tratamento.

Definição de cistos e massas anexiais

As massas anexiais são formações ou lesões que ocorrem nos anexos do útero, incluindo os ovários e as trompas de Falópio. Essas massas podem ser benignas, malignas ou potencialmente malignas.

A maioria das massas anexiais é benigna e assintomática, frequentemente diagnosticada de forma incidental durante exames de imagem, como ultrassonografia. As massas anexiais devem ser classificadas como de origem ginecológica ou não ginecológica e ainda como benignas e malignas.

A etiologia das massas pélvicas varia também segundo a faixa etária. Crianças adolescentes e mulheres em idade reprodutiva ou após a menopausa apresentam causas e fatores de risco diferentes para os diversos tipos de massas anexiais que possam desenvolver.

Diagnóstico: exame clínico, exames de imagem e laboratoriais

As massas anexiais muitas vezes são de origem ovariana. A suspeita ocorre por meio da história completa e do histórico familiar da paciente, assim como detalhamento das características dos sintomas e do ciclo menstrual associado ao exame físico minucioso. As massas anexiais podem ser assintomáticas, ou apresentar sintomas podem ser variados, como: 

  • dor pélvica aguda ou crônica;
  • como sintomas inespecíficos;
  • distensão abdominal;
  • cólicas;
  • sensação de peso em baixo ventre;
  • dificuldade de micção;
  • sintomas intestinais.

O exame físico minucioso é fundamental. No entanto, massas menores de 5cm, principalmente em pacientes obesas ou na pós-menopausa, são de difícil detecção ao exame ginecológico, sendo necessários exames de imagem para avaliação complementar. Os exames de imagem objetivam também a diferenciação entre massa extraovariana e massa ovariana.

Exames de imagem

Exames de imagem associados ou não a exames laboratoriais são necessários na maioria dos casos. Dada a baixa prevalência de câncer de ovário na população em geral, necessidade de exames com altas especificidade e sensibilidade, não está indicado o rastreamento (exame realizado em pessoas assintomáticas objetivando diagnosticar uma doença oculta) do câncer ovariano.

Várias modalidades de exames de imagem são usadas para diagnóstico e diferenciação de massas anexiais, incluindo ultrassonografia com ou sem dopplerfluxometria, ressonância magnética e tomografia computadorizada.

Ultrassonografia

A ultrassonografia é o exame de imagem inicial mais apropriado para investigação de pacientes com massas pélvicas para determinar o local de origem e elucidar suas características. 

Uma avaliação completa inclui o ultrassom via abdominal e o transvaginal ou pélvico, principalmente em casos de massas volumosas com componente abdominal. O exame verifica o tamanho, consistência, localização (ovariana, uterina, tubária, intestinal, entre outras) e bilateralidade

Além disso, avalia características próprias de cada massa que indiquem o risco de malignidade. O ultrassom com Doppler colorido tridimensional é muito útil na avaliação de vascularização, principalmente em áreas suspeitas, em tumores em crescimento e em pacientes na pós-menopausa.

Tomografia computadorizada (TC)

Massas anexiais descobertas acidentalmente são frequentemente encontradas nas tomografias computadorizadas realizadas por outros motivos. Assim como o ultrassom, a tomografia permite avaliar o tamanho, localização e relação entre a massa e os órgãos adjacentes. 

Em neoplasias ovarianas, o exame é o melhor método para avaliação de carcinomatose peritoneal, doença metastática em pelve e abdome, assim como para estabelecer sua extensão, facilitando a estratégia a ser adotada pelo cirurgião.

Ressonância magnética (RM)

A ressonância auxilia não só na caracterização das massas anexiais como também é útil na diferenciação da origem de massas pélvicas não anexiais. Em comparação com a tomografia, a ressonância é um método superior ao contribuir para aumentar a especificidade do diagnóstico diferencial entre massas benignas e malignas. 

Exames laboratoriais

Os exames laboratoriais utilizados durante a avaliação da massa anexial devem incluir marcadores tumorais séricos, hemograma completo, eletrólitos séricos, teste de gravidez e exames de urina e de sangue oculto nas fezes. 

Os marcadores tumorais são macromoléculas compostas por proteínas ou fragmentos de proteínas, incluindo antígenos de superfície celular, proteínas citoplasmáticas, enzimas e hormônios, encontrados no tumor, no sangue ou em outros líquidos biológicos, estando relacionados com a gênese e o crescimento de células neoplásicas. Quando presentes, funcionam como indicadores de câncer.

Esses marcadores são úteis no manejo clínico dos pacientes cancerígenos, auxiliando os processos de diagnóstico, estadiamento, avaliação de resposta terapêutica, detecção de recidivas e prognóstico, além de cooperar no desenvolvimento de novas modalidades de tratamento.

Tratamento para cistos e massas anexiais

O tratamento das massas pélvicas varia de acordo com os sintomas, a idade e os fatores de risco da paciente. A indicação de abordagem cirúrgica relacionada com as massas anexiais ocorre em casos de:

  • Cistos simples >7cm sem regressão após 6 a 8 semanas (com ou sem contraceptivo oral);
  • Lesão ovariana sólida;
  • Lesão cística com vegetação ou tumoração em parede;
  • Ascite;
  • Massa anexial palpável ou sintomática;
  • Suspeita de torção ou ruptura.

A cirurgia laparoscópica é o método mais indicado para o tratamento de massas anexiais benignas, cistos dermoides e endometriomas, e seu papel no tratamento cirúrgico de distúrbios ginecológicos vem evoluindo.

Como cirurgia minimamente invasiva, a laparoscopia promove benefícios com melhor resultado estético, menos tempo de internação, redução da dor pós-operatória e retorno precoce às atividades diárias, quando comparada à laparotomia. 

Além dos benefícios gerais dos procedimentos endoscópicos, há menor tendência para a formação de aderências, diminuição de trauma peritoneal com a contaminação da cavidade peritoneal sendo minimizada.

As massas anexiais e cistos pélvicos ocorrem na maioria da população feminina. Por isso, o diagnóstico diferencial é muito importante, auxiliando na identificação precoce e rapidez no tratamento adequado, melhorando as chances de cura e evitando a morbimortalidade.

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